O gato da Alice: JF recebe lançamento de livro sobre história da moda

Uma boa notícia para quem gosta de moda brasileira!

No último sábado, dia 18, Juiz de Fora recebeu o lançamento do livro “História da Moda no Brasil”. O evento aconteceu no MAMM e reuniu muita gente bacana da cidade, que gosta de moda. Na ocasião, os autores João Braga e Luís André do Prado, falaram sobre a experiência de realizar o projeto. Resultado de uma ampla pesquisa, o livro se propõe a analisar como surgiu o processo de criação de moda no Brasil, desde o primeiro momento, em que tudo era “cópia” do que se via no exterior, até às autorreferências dos dias atuais. Uma pesquisa de caráter inédito, que vem acrescentar conhecimento a todos nós, que gostamos de moda.

Um projeto audacioso

Não é mentira dizer que muita gente já escreveu sobre a moda do Brasil. Livros, teses, documentários e até filmes nos ajudam a conhecer melhor a evolução do processo de criação no nosso país. No entanto, ainda não existia um painel tão completo, uma revisão cronológica dos vários acontecimentos. A ideia de escrever o livro surgiu ainda na década de 1990, mas foi apenas em 2006 que o trabalho começou a acontecer de fato. E o que, na teoria, seria feito em um ano e meio, acabou durando quatro e meio!

Durante a palestra, Luís de Prado explicou que a ideia inicial era abordar toda a longa história, desde o período de colônia à contemporaneidade: “mas o projeto se tornou, por assim dizer, insano. Não há como perscrutar todo esse imenso trajeto em apenas um livro. Imaginem: pensávamos em traçar esse panorama, em 300 páginas. E o resultado vocês vêem: do período republicano aos dias atuais, temos aqui 642 páginas”, explicou o pesquisador.

As imagens de vários momentos da moda do Brasil

Metodologia de pesquisa

Na primeira etapa, foram feitas as entrevistas. “Nosso objetivo não era apenas descobrir coisas diretamente relacionadas à criação de moda. Também era importante conhecer hábitos familiares, tradições. Tudo isso ajuda a contar a história e a entender melhor os caminhos que foram seguidos”, explica Luís do Prado. Depois desse momento, partiram para os recortes e a organização do material recolhido. Além da história oral, eles organizaram também um material iconográfico bastante rico. “A ideia é, posteriormente, criarmos um museu virtual, a fim de que possamos disponibilizar esse conteúdo gratuitamente para pesquisadores, estudantes e público em geral”, explica João Braga. A redação, etapa mais difícil, “recortou e costurou tudo o que foi recolhido”, como eles próprios disseram.

Afonso Rodrigues, José Alberto Pinho Neves, João Braga e Luís André do Prado

História da moda, história da gente

A frase da jornalista Regina Guerreiro, citada no livro, serve bem para resumir a importância de um projeto como esse: “você pode escrever a história da história olhando a moda”. Mais do que um panorama das transformações estéticas, “História da moda no Brasil” traça também as transformações da nossa sociedade. Desde a herança dos tempos de colônia - em que o ideal era apenas copiar a moda européia, principalmente a francesa – até os dias de hoje, em que o país possui um espaço importante no mundo e na moda. “Precisamos ter em mente que a moda não é autorreferente. Ela vive de fatores políticos, sociais, econômicos, religiosos. Ou seja, vive de uma série de valores distintos que vão dialogar entre si”, completa João Braga.

Luís do Prado ainda complementou, dizendo que nossa maturidade atual, na moda, só é possível porque, a partir da década de 1980 começaram a surgir as instituições de ensino especializado. Assim, deu-se início à construção de uma cultura de moda.

Após a palestra, foi exibida a primeira parte (de quatro) do documentário produzido em paralelo com o livro. Com uma edição ágil e conteúdo incrível, o documentário traz depoimentos de antropólogos, pesquisadores e grandes nomes da moda, como Tufi Duek, Ronaldo Fraga, Constanza Pascolato, Gloria kalil, Elke Maravilha. O documentário já havia sido exibido pela TV Cultura, patrocinadora do projeto. A gente até avisou para vocês no nosso facebook, lembram? Quem não viu, perdeu!